Lembro de uma tarde em São Cristovão, no Rio de Janeiro...
No pé da favela, meu irmão Edinho chavecava uma garota, muito simpática por sinal, num carrinho de cachorro quente.
Enquanto eu, com pouco mais de 7 anos chorava o tempo inteiro porque queria jogar fliperama..
Ele é obvio, nem ligava, só queria saber dos olhos daquela morena...
Edinho era um garoto abençoado pela beleza física... mas desprovido de vergonha na cara... não podia ver mulher.
Era um cara grande, tinha mais de dois metros...Moreno da praia e da laje no morro...não conhecia direito a palavra limite..
Mas ao mesmo tempo com um coração que não lhe cabia no peito, o que era dele era de todos e se preciso ficava sem comer para que alguem assim pudesse... Pureza e bondade sempre refletida em seus olhos carentes....
Lembro-me de seu abraço, que por muitas vezes me protegeu do frio, lembro do sorriso e da malandragem que sabia o neto do bicheiro, nosso avô era feito de samba, sempre de branco dos pés a cabeça...que saudades do velho Mário também!
Mas que saudades daquele tempo, da simplicidade e do sorriso sincero, do desbotado mais honesto... saudades do cadeado do telhado, que nunca parava fechado quando era tempo de pipa no céu...
Céu meu céu... cuida do meu brodi pra mim...
Enquanto isso eu guardo ele aqui comigo...
Dentro dos meus pensamentos, dentro dos meus sonhos...
Com ele aprendi que amar é viver intensamente os momentos com as pessoas que são importantes para a gente. Amar é cuidar, é dividir, é não se limitar em gostar.... Se entregar.
Saudades de você meu irmão.
Era uma estrela na terra que agora brilha no céu.